Dedicados às mais diversas finalidades, os edifícios institucionais são aqueles que funcionam como sede de organizações. Por exemplo: fundações, órgãos públicos, entidades de ensino ou corporações. E apesar de terem diferentes propósitos e atuações, existem algumas particularidades e dinâmicas observadas nesses espaços que nos permitem pensar aquilo que pode ser chamado de arquitetura institucional.
São estruturas organizadas em torno de um interesse central, envolvendo uma grande variedade de processos e de relações entre pessoas, seja em uma iniciativa pública ou privada. Via de regra, carregam complexidades desde os primeiros esboços do projeto, passando por sua implementação, e chegando até mesmo à sua rotina de atendimento aos usuários – e aqui um spoiler: uma boa parte dessas difíceis resoluções podem ser analisadas e facilitadas pelo design thinking. Mas já, já vamos falar sobre isso.
A partir dessas primeiras ideias podemos enumerar características que ajudam a entender melhor essa verdadeira teia de exigências.
Minúcias que não passam despercebidas
É claro que quanto maior o edifício, maior o número de detalhes que precisam ser levados em conta. Mas é importante ter em mente que mesmo projetos menores são criados com o objetivo de solucionar demandas e tornar processos mais eficientes. Uma agência postal ou um campus de uma universidade; um posto de saúde ou a sede de um grande banco – os pormenores e as circunstâncias variam, mas as exigências independem do tamanho da construção.
Conforme falamos nos parágrafos anteriores, essas complexidades já aparecem desde as primeiras conversas, sendo necessário um olhar atento e grande conhecimento da equipe de arquitetos para que, desde os momentos iniciais do projeto, o cliente entenda tudo o que precisa ser levado em conta para o bom andamento da parceria. Uma visão global ajuda – e muito – no cumprimento de prazos, atendimento de necessidades e até mesmo em prever riscos ou corrigir rotas. E, mais uma vez, o design thinking é um grande aliado nesse processo, colocando todas as pessoas envolvidas na mesma página e trocando muitas informações.
Vale lembrar também que em projetos para instituições, há uma forte tendência de que as decisões precisem passar por diferentes pessoas, departamentos e hierarquias. Nem é preciso salientar o quanto isso pode impactar em cada etapa do processo, influenciando nos prazos, no relacionamento e, claro, no resultado. Aqui, nota-se a necessidade de manter a harmonia entre o jogo de cintura e a firmeza de argumentos profissionais.
Normas e necessidades
Espaços institucionais devem seguir diversas normas técnicas, que podem variar de acordo com a finalidade de cada construção. Iluminação adequada para cada ambiente, acessibilidade, acústica, ventilação e ergonomia são algumas das muitas áreas que contam com legislação para regulamentar as escolhas. E tudo isso precisa ser levantado e levado em conta ainda antes dos primeiros desenhos. Esse mapeamento inicial é importantíssimo e precisa ser feito porque vai servir de base para todo o projeto, possibilitando economia de tempo, dinheiro e energia.
E, claro, há outras demandas que podem até não contar com exigências normativas, mas que devem estar no escopo da equipe de arquitetos, todas elas alinhadas com o bem-estar de quem vai utilizar o local, seja a equipe de colaboradores ou o público. Itens como a escolha dos materiais, rotas inteligentes e sensações agradáveis.
Não podemos também nos esquecer das ideias sustentáveis: reaproveitamento da água, energia solar, técnicas e sistemas construtivos que minimizam a geração de resíduos na obra, e paisagismo são oportunidades que ajudam a melhorar o mundo e divulgar marcas, posicionando-as como iniciativas conscientes.
Fica evidente a importância das soluções que possibilitem uma rotina não apenas eficiente, mas acima de tudo saudável para o negócio, para as pessoas e para o meio ambiente.
Construção de significados
A arquitetura comunica. Ela pode funcionar como um símbolo de demonstração de poder, ressaltando sua imponência, ou pode também ser convidativa e aconchegante, incentivando as pessoas a permanecerem por mais tempo no local.
Conforme falamos neste texto sobre arquitetura sensível em nosso blog, qualquer espaço proporciona algum tipo de reação, das mais variadas possíveis: do desconforto ao acolhimento, da apatia ao encantamento, do estranhamento ao desejo de voltar. A questão é: que atmosfera você quer criar? Qual sensação quer passar? Quais memórias pretende despertar?
É impossível desvincular a instituição da sua arquitetura e o que ela representa. Saber como utilizar esses significados é valioso para qualquer órgão ou marca, influenciando na atuação e nos resultados de qualquer empresa – pública ou privada.
Ou seja, aqui entram novos desdobramentos do projeto e, claro, muita pesquisa. É importante dominar processos para mapear e entender o sentimento que o cliente espera transmitir com o projeto. E outro detalhe que não pode passar batido: descobrir também o que o cliente não quer. Todos esses códigos, após identificados, serão traduzidos em elementos para melhorar rotinas e encantar os usuários.
E como fazemos isso? Utilizando conceitos de neuroarquitetura para estudar os impactos dos ambientes na vida das pessoas, prevendo formas de estimular o bem-estar e proporcionar boas sensações.
A consistência da comunicação visual
Já vimos que a arquitetura institucional lida com grande fluxo de pessoas. Logo, essa circulação precisa ser clara, inteligente e intuitiva. Parte disso passa pela comunicação visual, que deve orientar os usuários de maneira eficiente como usufruir o lugar com mais fluidez, bastando apenas um olhar para que se entenda o local.
A sinalética, além de proporcionar fluxos e processos mais funcionais, deve estar em sintonia com os valores da instituição e com o manual da marca. Com isso, não apenas possibilita uma melhor experiência de quem frequenta os ambientes, mas também gera interesse e encantamento, itens essenciais para a consistência e o sucesso do negócio.
Eficiência e ganho de tempo com o design thinking: o caso Inspirar
Em 2018, iniciamos o projeto do campus da Faculdade Inspirar, em Curitiba, em um terreno de 14.000 m². Com essa magnitude e complexidade, exigiu estudos minuciosos com todos os envolvidos no dia a dia de uma faculdade – alunos, professores, colaboradores e parceiros. Um processo que pode levar meses antes mesmo de ir para o papel.
Pensando nisso, criamos um workshop de design thinking em parceria com a agência curitibana GNK. O design thinking é uma abordagem para resolução ágil e eficiente de problemas complexos, que consiste em reunir pessoas de diferentes áreas de atuação para gerar muitas possíveis soluções e testar rapidamente as melhores ideias.
No encontro, ouvimos e compreendemos quais eram as demandas de cada departamento, já que os participantes trouxeram inúmeros insights valiosos para o projeto. Resultado: economia de dois meses nesse processo e muitas soluções assertivas. Ganhamos tempo e evitamos retrabalho.
Conheça melhor o projeto Campus Inspirar aqui.
E não para por aí
Como vimos, a arquitetura institucional compreende complexidades em uma grande escala, que envolvem relacionamento com diferentes hierarquias, normas técnicas e soluções para desafios e obstáculos. É essencial ter em mente que em meio a tantas visões, equipes e possibilidades de execução, os processos para a geração e a convergência de ideias ganham ainda mais importância. Somar os olhares de diferentes especialistas e usuários é o caminho para alcançar a melhor solução para cada desafio.
Vale lembrar que nesse emaranhado de demandas e exigências, estão também a parte administrativa – incluindo aí documentações, serviços contábeis e fiscais; além de disciplinas que compõem os serviços complementares, como projeto hidrossanitário, levantamento topográfico, projeto estrutural, entre vários outros que estão no escopo de toda proposta arquitetônica.
É bastante coisa, né? É, sim! Mas gostamos muito de todo esse universo. Quer conversar um pouco mais sobre arquitetura institucional? Vamos tomar um café e bater um papo!