Uma história que ganha novos personagens
A construção de uma fábrica em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA), em 2014, foi o primeiro investimento do Boticário em uma unidade fora do Paraná. Cinco anos após sua inauguração, no entanto, a empresa notou que a sede estava carente de um local para compor o roteiro de visitação e que contasse a trajetória da marca, gerando conexão com o público.
Nossa experiência anterior, desenvolvendo o Espaço Histórias Grupo Boticário na fábrica de São José dos Pinhais (PR), nos credenciou a assumir este novo projeto da companhia. Contando mais uma vez com a parceria da agência GNK, criamos uma exposição permanente, sensorial, interativa e auto-guiada em um dos acessos à fábrica.
Imersão para gerar pertencimento
Antes mesmo das primeiras ideias e rascunhos, viajamos até Camaçari para conhecer não apenas o espaço destinado ao projeto, mas acima de tudo para conhecer as pessoas, a cultura e a cidade. Esse é o ponto de partida para tudo que criamos: entender o que pensam os usuários, criar conexão e dialogar com suas realidades. Além do mais, uma das exigências do briefing era justamente o desenvolvimento de uma jornada afetiva dos visitantes e o fortalecimento da relação entre o público e a marca.
Realizamos diversas entrevistas com colaboradores de várias áreas e entendemos que uma das maiores demandas era a de que esse museu tivesse “a cara deles”, “o jeito deles”. Nessas conversas, pudemos conhecê-los um pouco melhor e conseguimos captar o desejo pelo uso de cores alegres e elementos que transmitissem movimento, espontaneidade e autenticidade.
Munidos de inúmeras inspirações, participamos também de um longo encontro em Curitiba que reuniu colaboradores de departamentos estratégicos do Boticário de diversas cidades, oportunidade na qual apresentamos os primeiros insights. Reuniões como essas, nas quais realizamos atividades de design thinking, são valiosas para trocas rápidas de ideias e para agilidade na tomada de decisões. A partir daí, o projeto começou a ganhar forma de maneira ainda mais assertiva.
Jornada informativa em um espaço otimizado
Nosso desafio era criar, em um local reduzido de 82 m2, um museu com o acervo da memória da empresa. Como estratégia para “aumentar” o espaço que tínhamos à nossa disposição, criamos um circuito com painéis que se projetam para fora da parede, gerando mais arestas e possibilitando novos ambientes.
O primeiro destaque nessa jornada é uma experiência interativa e divertida em que explicamos o funcionamento do olfato. Nesse ponto, o visitante aciona alavancas mecânicas que giram uma mandala, exibindo textos informativos sobre a atividade do nariz.
Nos painéis que seguem, abordamos com fatos, fotos, vídeos e curiosidades a história da perfumaria e a trajetória do Grupo Boticário, destacando desde as primeiras experiências de seu fundador, Dr. Miguel, até a grande diversificação de produtos e marcas que passaram a fazer parte do catálogo da empresa. Para contar um pouco sobre a Eudora, Quem disse, Berenice?, The Beauty Box, Vult Cosmética e O Boticário, criamos pequenas vitrines em acrílico com os principais produtos de cada uma, possibilitando ao visitante conhecer as fragrâncias e características desses lançamentos.
Há também um mural que aponta números técnicos, como a área da fábrica, valores gerados em vendas e os investimentos na região. Ressalta também o impacto social e cultural, bem como as transformações promovidas pela fábrica e suas iniciativas na vida das pessoas – em especial o protagonismo feminino.
Entre os principais materiais que utilizamos neste projeto, estão o MDF e o drywall, pela facilidade de implementar na reforma e baixo custo de manutenção. A cenografia, uma das nossas especialidades, foi toda criada para que a experiência seja encantadora e inesquecível. Além do mais, repensamos também o circuito de ar condicionado, aumentando sua potência para dar conta das altas temperaturas da região e proporcionar conforto térmico.
Uma nova memória afetiva
O circuito, que recebe empresários, estudantes e turistas, se encerra em um photo point, uma verdadeira instalação na qual os visitantes podem amarrar fitinhas do Senhor do Bonfim e ajudar a criar um belo cenário colorido para fotos.
Ao inaugurarmos o local, pudemos confirmar a importância de, antes de começar a projetar ideias, ouvir os indivíduos e usuários que de fato vão viver essa experiência. A dona Laura, por exemplo, colaboradora da limpeza que acompanhou a obra desde o primeiro dia, após visitar o espaço pronto, veio nos dizer sorrindo: “vocês conseguiram deixar esse espaço com a nossa cara”. É essa conexão entre marca, projetos e pessoas que possibilitam novas memórias afetivas.
